Luke Campbell fez a transição do ringue de boxe para a esfera política após ser eleito o primeiro prefeito de Hull e East Yorkshire.

É uma mudança de carreira incomum para o primeiro britânico a conquistar o ouro olímpico no peso galo em mais de um século, nos Jogos de Londres 2012, e duas vezes desafiante ao título mundial dos leves, mas não é sem precedentes.

Manny Pacquiao conciliava grandes noites de luta com seus compromissos no Senado das Filipinas, enquanto Vitali Klitschko tem sido uma liderança na resistência ucraniana como prefeito de Kiev após a invasão russa.

Campbell, um pai casado de três meninos, disse ao Daily Telegraph esta semana que só se comprometeu a concorrer pelo Reform UK de Nigel Farage cinco dias antes de sua candidatura ser oficialmente aprovada.

O atleta de 37 anos foi impulsionado pelo seu entusiasmo pela sua região local, tendo nascido e sido criado em Hull, onde lutou sete vezes em sua carreira profissional, incluindo uma estreia em Craven Park em julho de 2013.

“Esta comunidade me moldou, me apoiou durante minha jornada no boxe e me ajudou a alcançar o sucesso,” ele escreveu para seus potenciais eleitores. “Agora é minha vez de retribuir e lutar por um futuro melhor.”

“Eu não sou um político de carreira, sou um lutador. Eu sei o que é preciso para vencer e sei como obter resultados.”

Isso é verdade, independentemente da reação negativa que ele enfrentou desde que se alinhou ao Reform, com Campbell tendo que se defender contra acusações de racismo, além de explicar algumas supostas postagens homofóbicas nas redes sociais em 2011 e 2012.

Por trás das feições angelicais que desmentem mais de 200 combates amadores e profissionais está uma vontade de ferro, exemplificada por ele ignorar o apelo da mãe Jill para "encontrar um esporte mais seguro" quando começou a boxear, aos 12 anos.

Jill estava “tremendo da cabeça aos pés” após o triunfo olímpico de Campbell, após o qual ele foi agraciado com um MBE e uma cabine telefônica em sua cidade natal foi repintada de dourado para comemorar sua conquista.

Uma passagem pelo Dancing on Ice da ITV foi seguida por Campbell vencendo suas primeiras doze lutas profissionais com estilo.

Mais técnico do que especialista em nocautes, sua velocidade de mãos impressionante o ajudou a conseguir paradas regulares, enquanto uma base de fãs, especialmente em Hull, foi garantida após as Olimpíadas.

Ele se recuperou de uma derrota surpreendente para Yvan Mendy ao vencer suas cinco lutas seguintes, conquistando uma chance contra o rei dos leves Jorge Linares em 2017.

Sem que ninguém fora de seu círculo íntimo soubesse, seu pai Bernard faleceu duas semanas antes da luta, mas Campbell seguiu em frente e apresentou uma exibição emocionante, apenas para ficar ligeiramente atrás nas pontuações dos juízes.

Ele novamente mostrou enorme coragem e determinação dois anos depois, ao lutar por vários títulos mundiais dos 61 kg, mas acabou sendo superado pelo excepcional talento geracional Vasiliy Lomachenko.

O sinal já estava claro quando ele foi parado pela primeira vez na carreira pelo astro em ascensão Ryan Garcia, e ele se aposentou em 2021 com um recorde de 20 vitórias e quatro derrotas, declarando que havia “vivido seu sonho”.

Desde então, Campbell voltou-se para os negócios e ainda ocasionalmente faz sparring corporal. Tendo saído do mundo obscuro do boxe relativamente ileso, ele agora entra no reino igualmente caótico e imprevisível da política, ansioso para deixar sua marca.